Fraturas por estresse

Ao realizarmos qualquer prática esportiva expomos os músculos, tendões e ossos ao desenvolvimento de microlesões estruturais. Entretanto, durante o período de descanso, após o exercício, o organismo encarrega-se de reparar estes danos, tornando os tecidos mais resistentes para as próximas sessões de atividade física.

Em algumas situações a capacidade de reparo tecidual ósseo poderá ser excedida pelo acúmulo de microlesões podendo resultar na fratura por estresse. Isto, geralmente, ocorre quando o osso é exposto a cargas excessivas e repetitivas sem um período de repouso adequado.

Cerca de metade dos casos de fraturas por estresse desenvolvem-se nas primeiras 4 semanas de um novo programa de treinamento, principalmente em pessoas ativas abaixo dos 30 anos de idade. Dentre as inúmeras modalidades esportivas a corrida de rua destaca-se como aquela que apresenta maior associação com este tipo de lesão. Em torno de 20% dos casos acometem corredores, sendo mais frequente naqueles que percorrem mais de quarenta quilômetros por semana.

O sexo feminino está associado a um risco até duas vezes maior de ocorrência de fraturas por estresse. As mulheres podem desenvolver a chamada “tríade da mulher atleta”, na qual ocorrem distúrbios alimentares (anorexia), amenorréia funcional e osteoporose. Esta condição, cada vez mais comum, eleva consideravelmente a incidência de lesões musculoesqueléticas. A literatura também aponta o tabagismo e alcoolismo como fatores de risco para desenvolvimento de lesões ósseas por microtraumatismos.

O diagnóstico deve ser suspeitado em pessoas com quadro clínico compatível (dor e edema localizados) e que foram expostas a aumento repentino das atividades físicas (intensidade e frequência) sem períodos de descanso adequados.

Um dos locais mais acometidos é a tíbia proximal (joelho), respondendo por cerca de metade dos casos de fraturas por estresse. Na maioria das vezes, cursa com dor e edema localizados na região póstero-medial do joelho.

Fratura por estresse na tíbia proximal

Geralmente, a modificação temporária das atividades físicas é suficiente para que a fratura cicatrize. O tratamento cirúrgico raramente é necessário, sendo indicado apenas quando não acorrer consolidação óssea.